João
era muito piedoso e muito devoto da Virgem Maria, a quem dedicava suas orações,
enquanto apascentava suas ovelhas. Por várias vezes, parecendo vir do alto da
montanha, ele ouvia um toque de sineta. Pensava: “deve ser pura imaginação,
coisa de um viver solitário, nestas terras altas”.
Numa
noite, 12 de agosto de 1227, o pastor João Rivas, ouvindo mais distantemente o
som da sineta, seus olhos depararam com um brilhante luzeiro no alto do Monte
Cabeça. Ele, sem dúvidas nem medo, partiu em direção ao Célebre pico.
Chegando
lá, ouviu o toque da sineta saindo da gruta, de onde saíam também, raios
luminosos. Entrando na caverna viu, sobre as pedras, uma belíssima Imagem de
Nossa Senhora, e a sineta presa a um galho, ao lado da Virgem, continuava a
bater.
Voltando
ao normal, João dirigiu-se à Mãe de Deus e perguntou: “fostes vós, ó minha Mãe,
que pelo vosso influxo me atraístes à Vossa presença, para divulgar os Vossos
desígnios? Se assim é, dizei-me o que devo fazer e a Vossa vontade será
cumprida”.
E
uma voz dulcíssima, que parecia vir do céu, falou-lhe assim: “Não temas, servo
de Deus. Vai à cidade de Andujar e dizei a quantos encontrares que chegou o
tempo de cumprir a vontade de Deus, fazendo construir neste lugar, um templo,
onde hão de operar os prodígios em favor dos que acreditarem”.
João
prometeu à Virgem Mãe de Deus, fazer tudo quanto Ela ordenara. Temendo que os
habitantes de Andujar achassem que ele fosse um louco visionário ou impostor,
recebeu de Nossa Senhora o SINAL: “Vai cristão venturoso! O testemunho de suas
palavras será o teu braço perdido que eu te restituo”.
João
Rivas viu seu braço direito perfeitamente são. Ao clarear do dia, João Rivas,
tendo à frente o Vigário e outras autoridades, foram ao Monte Cabeça, levaram a
Imagem milagrosa para Andujar e foi aclamada Padroeira sob a invocação de Nossa
Senhora da Cabeça.
Daí
em diante, foram multiplicando-se os milagres operados por Deus, pela
intercessão da Padroeira. Dentre os muitos milagres realizados, teve grande
repercussão o que se deu em favor de um nobre senhor condenado à morte (cortar
a cabeça), o qual fez voto de ir, se a Virgem o salvasse, depositar uma cabeça
de cera aos pés da Sagrada Imagem.
Na
hora da execução da pena de morte, a multidão em delírio, viu chegar o
mensageiro do rei trazendo a graça ao condenado: “A Virgem o libertou!” O feliz
agraciado cumpriu seu voto e é em recordação de tão extraordinário
acontecimento que a partir daí, nos Santuários dedicados à Nossa Senhora da
Cabeça, a Imagem dela é representada trazendo na mão direita, uma cabeça.